quarta-feira, 22 de setembro de 2010

no tempo do terceiro andar da estrela andava-se mais triste mas sorria-se mais vezes

é-se sempre mais contente quando temos escadas de incêndio


e um mar de antenas a cobrir os céus mas debaixo dos teus olhos



no tempo do terceiro andar da estrela podia fotografar-me de vários ângulos geográficos


ora os pés pousados nas grades da varanda do quarto
a rematar a cúpula lá para os lados de leonardo
ora um dedo a empurrar o cristo para dentro do maracanã
e ainda pelas américas
a óbvia santidade de francisco
lá por baixo uma visão de beco parisiense

tudo isto enfiado no alto dos meus olhos do terceiro andar da estrela



a cidade vivia-me mas era no mundo que eu morava



há muito me vim embora

fiz as mudanças de eléctrico


ainda guardo comigo as fotografias mas nunca olho para elas




a cidade dorme-me





faltam-me as escadas de incêndio