descarta-me por favor das tentativas
dos mapas mentais
eu não sou um território
sou um não-lugar
aqui não há nada para cartografar
a não ser que resolvas escrever-me uma carta
isso ainda é do mais romântico que há
é isso,
escreve-me cartas
elas não deixaram de ser idiotas
mas pode ser que as tornes menos prosaicas
não
não sou um território
mas posso ser a tua caixa de correio
terça-feira, 19 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
o meu tédio escreve poemas
mas só quando não está com azia
não interessa rimar com a poesia
só com o resto
com o entretanto
com o aliás
com o por menor
é que não és tu que escolhes a rima
ela te escolhe a ti para descarnar os pontos cegos
ela está sempre no antes e no depois do eu
independentemente de a encontrares nesse durante
o meu tédio escreve poemas
pelo caminho encontra rimas que não procuro
simplesmente
aprendi a ter o cuidado de não as afugentar
mas só quando não está com azia
não interessa rimar com a poesia
só com o resto
com o entretanto
com o aliás
com o por menor
é que não és tu que escolhes a rima
ela te escolhe a ti para descarnar os pontos cegos
ela está sempre no antes e no depois do eu
independentemente de a encontrares nesse durante
o meu tédio escreve poemas
pelo caminho encontra rimas que não procuro
simplesmente
aprendi a ter o cuidado de não as afugentar
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
eu sei
sempre soube
que o cais é uma miragem
uma feliz miragem
só a queda é que não o é
se cais
quando cais
abres ferida
roxeias a pele
e saras o golpe
o rasgão
fica-te a cicatriz
a carne é que guarda a memória
tudo o resto não é real
são meros tropos
encalços trôpegos
sinédoques bem bebidas
malabarismos do espírito
vulgares psicossomatismos
memórias das chagas do cristo, talvez
e talvez, por que não, biombos
é se calhar esta a ideia perfeita para se juntar ao tombo
eu sei
sempre soube
o cais é uma miragem
se fosse engenheira fazia pontes e estava o assunto sanado
mas não
idiota
escolhi ser marinheira
sempre soube
que o cais é uma miragem
uma feliz miragem
só a queda é que não o é
se cais
quando cais
abres ferida
roxeias a pele
e saras o golpe
o rasgão
fica-te a cicatriz
a carne é que guarda a memória
tudo o resto não é real
são meros tropos
encalços trôpegos
sinédoques bem bebidas
malabarismos do espírito
vulgares psicossomatismos
memórias das chagas do cristo, talvez
e talvez, por que não, biombos
é se calhar esta a ideia perfeita para se juntar ao tombo
eu sei
sempre soube
o cais é uma miragem
se fosse engenheira fazia pontes e estava o assunto sanado
mas não
idiota
escolhi ser marinheira
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