domingo, 7 de dezembro de 2008

o cheiro a baunilha no cabelo só existe ainda porque a única coisa de que sente saudades é do verão.
o roxo pode ter subido às paredes, mas esse sempre foi dela. o vermelho sempre foi dela. e o azul... o azul dói um pedaço, nas angústias de uma enfermaria que não lhe pertenceu, por obra não do destino, mas de alguém que lhe quis melhor. o melhor, dos melhores possíveis. sem pragas. sem sonolências. sem rancores arremessados às escuras só porque não querem saber a sua verdadeira morada. pelos vistos, este apartamento continua alugado à afortunada solidão. é um presbitério sufocado e delirante, mas ainda assim é o meu, e o único que tenho. e daqui, deste pouso que de novo não encontra o sono da vida, mas sim o sono do mundo, me lanço às feras com a quase totalidade da companhia desejada atrás. e não, desta vez não estou na segunda fila para que se a morrer, morram primeiro os soldados rasos e eu fique cá a governar o resto das tropas. a batalha é minha, por sorte ainda arranjo exército para me acompanhar. a eles brindo nesta noite de palavras que descansam. ao meu lado, ainda vaga um espaço, que não pretendo ver preenchido a toque de caixa, mas sim a sopro da tarana que um dia me mostrou o que eu não era.

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