segunda-feira, 30 de março de 2009

Tejo (parte última)

(...)


linha de fuga que perde o concreto

-não encontro o complemento indirecto nem o artigo definido-

mas aguardo as reticências
gosto de atrasar conclusões e de prolongar os silêncios


e a paranóia entra sem bater
senta-se no sofá da sala em silêncio e espera sem olhar para o relógio

(sinopse abrupta de uma narrativa interminável)

psicose estética, sublimação asséptica

os meus devaneios de criança cozinhados em lume brando


-correntes de menoridade mental-

esta civilização cresce oca
mandata a liberdade
coroa a insanidade
senta-se no jardim a ouvir o relato do jogo da guerra
e volta para casa a pensar na morte da bezerra da vizinha

tão serenos, tão obtusos
impassíveis nas vossas jaulas de cristal
na vossa modorra sensorial

-alento desaustinado-

prefiro o caos à vossa disciplina enfileirada
Prefiro o meu Coelho Branco, ainda que chegue sempre atrasado.



(2002)

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