domingo, 26 de abril de 2009

Eu, Teresa, me confesso.
De uma santa lascívia que me construiu estas paredes de onde parto até vós.
Eu, Teresa, me confesso.
De ter dominado a língua e com ela me ter dominado por deus.
Eu, Teresa, me confesso.
De ignorar os desígnios dos senhores da lei episcopal, de ignorar os receios de meu pai, e de me ter apaixonado por demais.
Eu, Teresa, me confesso.
De uma culpa inconfessável, pois a ela eu obedeço, e para chegar a ti, Senhor, muy grande terá que ser essa culpa. Muy grande terá tido que ser a falta, ainda que inconfessável, porque a ela não acedo em imagem nítida, como a vós, senhor, que eu vejo e ouço.
Eu, Teresa, me confesso de vaidade e de pouco nobre vigília.
E da pretensão de a vós querer chegar, com estes meus humanos e fêmeos sentidos, e uma voz cheia de febre, daquela febre, da qual a razão se parece por vezes ausentar.
Eu, Teresa, me confesso.

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