vem matar-me o cinismo
por favor
vem queimar-me as entranhas e profanar a poesia:
é assim que ela se alimenta, morrendo de cada vez
vem sufocar-me a rima:
pode ser que o que se esconde atrás dela surja assim sem as palavras
e vem por favor riscar-me da pele o contrato com este tempo:
dá-me a sede, que o meu corpo quer incêndio
e está-se nas tintas para a cicatriz
é lembrando tudo que o retorno te assiste
é querendo tudo
a falha, a dobra, o precipício
o risco
sobretudo a vertigem
vem por favor lembrar-me da vertigem:
não me esqueci ainda que é ela o signo da altura
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
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