cimentar
concretizar
descarnar
(é em triângulos que costumo dobrar a minha linha)
estico o olhar que me resta para longe das sombras
e das caixinhas de veludo azul
cada uma com a sua chave
perfeita
dourada
e cheia de rebites
como se o ouro fosse porventura calar o nevoeiro
ou aliviar o fardo da melodia
todos esses extremíssimos agudos
são só tombos na gravidade, apertos no estômago e dentes de lobo
são a carne que com a carne trincha a carne
é bem mais grave a velada gravidez da linha recta
do baixo sopro a vibrar na madeira que reveste o teu coração de pedra
e o desejo cinzento das palavras em granito
grave, denso, enevoado
pontuando a negro as vírgulas e as reticências
solares nódoas negras
fundas crateras
e magníficos rasgões de luz
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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