eeehhh láaa.
um quase vislumbre
dos nós do tempo
do nós
de um tempo
e de outro que se lhe possa
seguir
e de um depois disso
agora só
um talvez incongruente
se da tua própria boca sair
e se a tua alma falhar
principalmente se a tua alma falhar
ao Tempo
o convite ao eterno
para sempre
em vida
insatisfeito
a agonia do que se crê eleito.
(resumo de 11 páginas de espírito contrafeito.)
domingo, 28 de junho de 2009
sexta-feira, 26 de junho de 2009
sinal sonoro
há uma barreira atravessada por cordas que cortam um horizonte sarapintado de navios
é isto que vejo quando o sonho me diz que a imaginação também sente
é claro que não é isto, a imagem é surpreendentemente mais mundana, menos imaginativa, mas os corpos que a compõem restabelecem cortes e concordâncias que julgava já esquecidos, e sendo só corpo a vibrar, a melodia quer arder tanto que dói, e se de símbolo trata, o que me diz parece tão impenetrável quanto potencialmente mortífero. de uma maneira ou de outra, a carne parece ser ainda a mesma, as casas também.
reconhecerás, desse lado da janela, o que me desperta?
quererás tu um dia ouvir a voz que te falhou lá atrás?
é isto que vejo quando o sonho me diz que a imaginação também sente
é claro que não é isto, a imagem é surpreendentemente mais mundana, menos imaginativa, mas os corpos que a compõem restabelecem cortes e concordâncias que julgava já esquecidos, e sendo só corpo a vibrar, a melodia quer arder tanto que dói, e se de símbolo trata, o que me diz parece tão impenetrável quanto potencialmente mortífero. de uma maneira ou de outra, a carne parece ser ainda a mesma, as casas também.
reconhecerás, desse lado da janela, o que me desperta?
quererás tu um dia ouvir a voz que te falhou lá atrás?
segunda-feira, 22 de junho de 2009
auto-retrato II
no descanso da hora das cambalhotas musicais
é caso para apontar:
foram-se os dedos,
mas ficou o corpo todo
com as suas ruas me deito
dominando perfeitamente o desequilíbrio
dos seus escombros me ergo
lembrando redondamente o seu reduto
são os ossos que dominam
a carne
são os olhos
os meus olhos
os meus olhos separados
do meu ventre
este ritmo
este sopro
este suspiro
ainda
sempre
incandescente
é caso para apontar:
foram-se os dedos,
mas ficou o corpo todo
com as suas ruas me deito
dominando perfeitamente o desequilíbrio
dos seus escombros me ergo
lembrando redondamente o seu reduto
são os ossos que dominam
a carne
são os olhos
os meus olhos
os meus olhos separados
do meu ventre
este ritmo
este sopro
este suspiro
ainda
sempre
incandescente
terça-feira, 9 de junho de 2009
auto-retrato I
mais espantoso que o malho
o tralho
o corte ou a afonia
a cabal demolição do encosto cerebral
da casuística intelectual
afinal fizeste sempre de conta que este corpo não era o teu corpo
perna longa, pé comprido, olhos enormes
e braços de abraços longos, tão longos
parece que nem pertencem a este tempo, ao olhar de firmamento
a ausência de fim como tormento
pois que quando surge a rima
a aliteração é o alento
o tralho
o corte ou a afonia
a cabal demolição do encosto cerebral
da casuística intelectual
afinal fizeste sempre de conta que este corpo não era o teu corpo
perna longa, pé comprido, olhos enormes
e braços de abraços longos, tão longos
parece que nem pertencem a este tempo, ao olhar de firmamento
a ausência de fim como tormento
pois que quando surge a rima
a aliteração é o alento
quinta-feira, 4 de junho de 2009
não nos subestimem.
somos amadores profissionais.
amamos por profissão.
é coisa que ninguém nos tira.
e a perfeição é isso mesmo: a tentativa passional, nunca passiva, de sermos verdadeiramente o que somos. sem sonos à mistura.
não nos confundam,
é por não sabermos o que fazemos que eventualmente o poderemos fazer melhor.
e o pior também conta.
aqui não há fregueses. não há vendas. nem retalhos. frangalhos, nem por isso. só trabalhos.
as marcas do soalho continuam tatuadas no meu pé direito. e sempre que o sol sobe ao pico, o linólio vem ao de cima outra vez, para lembrar o caminho. de inverno cala-se, de verão estende-se à sombra. mas o joelho esquerdo ainda pena pelos erros, certas cordas de voz também. a vizinhança intacta.
vou continuar a babar-me sobre o palco, para não chorar almofada dentro.
desbocada, não calada. amuada, também não.
vou brincando com as temperaturas.
não, não há lugar para o erro. só para a tentativa.
somos amadores profissionais.
amamos por profissão.
é coisa que ninguém nos tira.
e a perfeição é isso mesmo: a tentativa passional, nunca passiva, de sermos verdadeiramente o que somos. sem sonos à mistura.
não nos confundam,
é por não sabermos o que fazemos que eventualmente o poderemos fazer melhor.
e o pior também conta.
aqui não há fregueses. não há vendas. nem retalhos. frangalhos, nem por isso. só trabalhos.
as marcas do soalho continuam tatuadas no meu pé direito. e sempre que o sol sobe ao pico, o linólio vem ao de cima outra vez, para lembrar o caminho. de inverno cala-se, de verão estende-se à sombra. mas o joelho esquerdo ainda pena pelos erros, certas cordas de voz também. a vizinhança intacta.
vou continuar a babar-me sobre o palco, para não chorar almofada dentro.
desbocada, não calada. amuada, também não.
vou brincando com as temperaturas.
não, não há lugar para o erro. só para a tentativa.
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