domingo, 28 de junho de 2009

casa de noz

eeehhh láaa.

um quase vislumbre


dos nós do tempo
do nós
de um tempo
e de outro que se lhe possa
seguir

e de um depois disso
agora só
um talvez incongruente
se da tua própria boca sair

e se a tua alma falhar

principalmente se a tua alma falhar



ao Tempo


o convite ao eterno
para sempre
em vida
insatisfeito



a agonia do que se crê eleito.



(resumo de 11 páginas de espírito contrafeito.)
aaaaah!!! a trovoada!! finalmente a trovoada!

a tão esperada trovoada.





daquelas poucas que te abanam a casa...

sexta-feira, 26 de junho de 2009

sinal sonoro

há uma barreira atravessada por cordas que cortam um horizonte sarapintado de navios

é isto que vejo quando o sonho me diz que a imaginação também sente


é claro que não é isto, a imagem é surpreendentemente mais mundana, menos imaginativa, mas os corpos que a compõem restabelecem cortes e concordâncias que julgava já esquecidos, e sendo só corpo a vibrar, a melodia quer arder tanto que dói, e se de símbolo trata, o que me diz parece tão impenetrável quanto potencialmente mortífero. de uma maneira ou de outra, a carne parece ser ainda a mesma, as casas também.

reconhecerás, desse lado da janela, o que me desperta?


quererás tu um dia ouvir a voz que te falhou lá atrás?

o se de uma estranha situação, cuidado de si per se, ou a nota entre dó e mi:

será que faço por habitar o domínio do inconfessável, ou é o domínio do inconfessável que faz por habitar em mim?

segunda-feira, 22 de junho de 2009

auto-retrato II

no descanso da hora das cambalhotas musicais
é caso para apontar:


foram-se os dedos,
mas ficou o corpo todo

com as suas ruas me deito
dominando perfeitamente o desequilíbrio

dos seus escombros me ergo
lembrando redondamente o seu reduto

são os ossos que dominam
a carne
são os olhos

os meus olhos

os meus olhos separados
do meu ventre

este ritmo
este sopro
este suspiro

ainda
sempre

incandescente

terça-feira, 9 de junho de 2009

auto-retrato I

mais espantoso que o malho
o tralho
o corte ou a afonia

a cabal demolição do encosto cerebral
da casuística intelectual

afinal fizeste sempre de conta que este corpo não era o teu corpo

perna longa, pé comprido, olhos enormes

e braços de abraços longos, tão longos
parece que nem pertencem a este tempo, ao olhar de firmamento

a ausência de fim como tormento
pois que quando surge a rima
a aliteração é o alento

quinta-feira, 4 de junho de 2009

não nos subestimem.
somos amadores profissionais.
amamos por profissão.
é coisa que ninguém nos tira.
e a perfeição é isso mesmo: a tentativa passional, nunca passiva, de sermos verdadeiramente o que somos. sem sonos à mistura.
não nos confundam,
é por não sabermos o que fazemos que eventualmente o poderemos fazer melhor.
e o pior também conta.
aqui não há fregueses. não há vendas. nem retalhos. frangalhos, nem por isso. só trabalhos.
as marcas do soalho continuam tatuadas no meu pé direito. e sempre que o sol sobe ao pico, o linólio vem ao de cima outra vez, para lembrar o caminho. de inverno cala-se, de verão estende-se à sombra. mas o joelho esquerdo ainda pena pelos erros, certas cordas de voz também. a vizinhança intacta.
vou continuar a babar-me sobre o palco, para não chorar almofada dentro.
desbocada, não calada. amuada, também não.
vou brincando com as temperaturas.
não, não há lugar para o erro. só para a tentativa.