rasgar rasgar rasgar
deixares-te romper
não corromper
mas irromper
sem mastro
sem castro
principalmente
sem cadastro
sem redoma
nem retoma
e sempre esta tortura da clausura em que te enfias
como se estar nu fosse o mesmo que usar véu
como se o livre fosse o sozinho
ou o sozinho fosse bastardo
da alma dizer por vezes
frangalho
ou coalho
é tudo aliás e no fundo
uma questão de baralho
cartas que só diferem na contracapa
(aparentemente)
há o bluff
o cenário
um espírito em contraplacado
desde cedo habituado
ao jogo
o mais certo é ser apenas medo misturado com cansaço
e a memória de umas asas de zoroastro
até que
tudo pelo que
tudo para que
no dissolver da gramática
certas teias tecidas de longe
algures entre a morfina e o chocolate
se peguem ao teu corpo
tudo por esse finalmente
em que te enrouquece a voz mas já não se ensurdece a lente
quinta-feira, 30 de julho de 2009
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