quinta-feira, 30 de julho de 2009

vejo do cais um cais

rasgar rasgar rasgar
deixares-te romper
não corromper
mas irromper

sem mastro
sem castro

principalmente

sem cadastro

sem redoma
nem retoma




e sempre esta tortura da clausura em que te enfias

como se estar nu fosse o mesmo que usar véu
como se o livre fosse o sozinho
ou o sozinho fosse bastardo

da alma dizer por vezes
frangalho
ou coalho

é tudo aliás e no fundo
uma questão de baralho
cartas que só diferem na contracapa


(aparentemente)

há o bluff
o cenário

um espírito em contraplacado
desde cedo habituado
ao jogo


o mais certo é ser apenas medo misturado com cansaço

e a memória de umas asas de zoroastro


até que
tudo pelo que
tudo para que

no dissolver da gramática

certas teias tecidas de longe

algures entre a morfina e o chocolate

se peguem ao teu corpo

tudo por esse finalmente
em que te enrouquece a voz mas já não se ensurdece a lente

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