gosto especialmente da palavra laivo. tem ares de uivo.
um laivo pode ser surdo
imagem poética e incandescente
lavas dilúvios eflúvios
e uma data de jorros quentes
já o uivo soa a outras coisas para mim mais marianas
do mário longe
de um mar antigo
uma maré ausente
e à conta dos laivos de mário e dos uivos do mar te digo:
escondi algumas notas bem ao fundo do armário
lá entaladas no canto
entre um cimento que deveria obviamente ser madeira
e os cobertores da herança
mais uns dois ou três ferros ornamentos
roubados ao elevador
resguardo essas notas bem longe da ganância da garganta
da sede do laivo
da fome do uivo
dos socos no estômago
e do soco nos estômagos
aqui não há já corações para remendar como se faz com as meias
e mesmo havendo rasgões nas teias
as aranhas não são mancas
as palavras
alavancas
e o amor aos solavancos
obriga-o a um metrónomo
se o quiseres ver espernear
ou então
simplesmente
faz por lhe dar o pão
e o vinho
mas ao primeiro acrescenta as nozes
ao segundo o pau da canela
e se, pelo caminho,
para chegar aqui, portanto
esbanjei umas quantas valsas
ri perdida com uns tantos sambas
e sobrevivi a uma data de boleros enfadonhos
se
pelo caminho
cheguei aqui
te digo
guardei as notas
guardei-nos ainda as notas para bordar o tango
quinta-feira, 22 de julho de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
faltará a fome à casa, ou faltará a casa à fome?
é tão duvidoso
é sempre duvidoso
escrever o poema nas paredes como cravar a carne no poema
fiquemos por isso num qualquer transtorno do meio
de meio
mais crucial do que social
e mais natural do que sentimental
blah blah blah octogonal
tem tentáculos, mas não é polvo
é uma espécie de infinito
que preferia de quando em vez estar só
de pernas para o ar
ou de cabeça no céu
e não ser somente arremessado ao vento para quem o conseguir apanhar
o peso não é domínio do vertical
do oito concreto
empinado
recto e governado
e o resto, o todo
o oito caído
desolado
querer é crer e da mesma maneira o contrário
como o oito de pé ou deitado
há sempre um instinto paradoxal a roer o sangue nas veias
mas não te assustes
pelo menos
não te assustes mais do que eu
o instinto tem farol e o paradoxo faroleiro
o caos sangra
o medo corta
o vento entorta
e endireita
resta saber onde está o freio
o raio do meio
o zero
sobre zero
ante zero
a cave do zero
resta rasgar a carne e partir o granito destas paredes
o caos sangra
o medo corta
e algures
não escondido,
mas resguardado
onde não se encontram bengalas
e se abrem as janelas
aí
longe da pele
perto da fala
há um cais que sara
é tão duvidoso
é sempre duvidoso
escrever o poema nas paredes como cravar a carne no poema
fiquemos por isso num qualquer transtorno do meio
de meio
mais crucial do que social
e mais natural do que sentimental
blah blah blah octogonal
tem tentáculos, mas não é polvo
é uma espécie de infinito
que preferia de quando em vez estar só
de pernas para o ar
ou de cabeça no céu
e não ser somente arremessado ao vento para quem o conseguir apanhar
o peso não é domínio do vertical
do oito concreto
empinado
recto e governado
e o resto, o todo
o oito caído
desolado
querer é crer e da mesma maneira o contrário
como o oito de pé ou deitado
há sempre um instinto paradoxal a roer o sangue nas veias
mas não te assustes
pelo menos
não te assustes mais do que eu
o instinto tem farol e o paradoxo faroleiro
o caos sangra
o medo corta
o vento entorta
e endireita
resta saber onde está o freio
o raio do meio
o zero
sobre zero
ante zero
a cave do zero
resta rasgar a carne e partir o granito destas paredes
o caos sangra
o medo corta
e algures
não escondido,
mas resguardado
onde não se encontram bengalas
e se abrem as janelas
aí
longe da pele
perto da fala
há um cais que sara
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