faltará a fome à casa, ou faltará a casa à fome?
é tão duvidoso
é sempre duvidoso
escrever o poema nas paredes como cravar a carne no poema
fiquemos por isso num qualquer transtorno do meio
de meio
mais crucial do que social
e mais natural do que sentimental
blah blah blah octogonal
tem tentáculos, mas não é polvo
é uma espécie de infinito
que preferia de quando em vez estar só
de pernas para o ar
ou de cabeça no céu
e não ser somente arremessado ao vento para quem o conseguir apanhar
o peso não é domínio do vertical
do oito concreto
empinado
recto e governado
e o resto, o todo
o oito caído
desolado
querer é crer e da mesma maneira o contrário
como o oito de pé ou deitado
há sempre um instinto paradoxal a roer o sangue nas veias
mas não te assustes
pelo menos
não te assustes mais do que eu
o instinto tem farol e o paradoxo faroleiro
o caos sangra
o medo corta
o vento entorta
e endireita
resta saber onde está o freio
o raio do meio
o zero
sobre zero
ante zero
a cave do zero
resta rasgar a carne e partir o granito destas paredes
o caos sangra
o medo corta
e algures
não escondido,
mas resguardado
onde não se encontram bengalas
e se abrem as janelas
aí
longe da pele
perto da fala
há um cais que sara
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