chega de navios
o mar já não me mete medo
tenho é saudades de esfolar os joelhos
o mapa mundo não é metáfora do eu ser
o eu ser é que é metáfora do mapa mundo
e a não ser que desejes viver entre os peixes
(bem mais fácil criar guelras do que asas)
mais vale deixares-te por terra e teres uma janela para o mar
chegam-te os olhos para te lembrar no mar
que o caminho está todo nos pés com que andas
e que o mar está todo dentro da cabeça
toda esta fé num cais serviu um fim
o seu fim
era pre-cisa
foi necessária
acima de tudo
o importante
foi sempre
poupar os tornozelos
e rezar por uma terra onde coubesse a tua dança
o medo do afogamento é bem mais lírico do que o seu correspondente terreno
se fosse para morrer na praia, que fosse na água e não enterrada na areia
e eu sempre me safei bem a nadar
a aposta lírica era uma aposta sólida
mas chega, pois
de navios
de velas e cabos e tormentas
chega de mar
é sempre o mesmo céu sobre as nossas cabeças
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário