sábado, 14 de novembro de 2009

infiltrações desejadas

espécie de matriz enciclopédica


da mãe enclausurada
tremente

escapemos por favor ao cadavérica
esta sede vai bem mais fundo que o inferno
e a rima só desaustina as braçadas para a outra margem

besunta-me lá de vão conhecimento


e partirei simplesmente

isso que a cabeça fala já o corpo pressente
esse esfaimado devorado
o dono da febre e do telúrio

sensual esfaqueador de asas


é conceito por demais vazio



e esse azul será apenas teu

metal meu será sempre mais vermelho
mais diluído

sempre aguerrido

e sempre desgarrado



e consumado o destino ainda lhe sobra o fôlego para cobrir o sol com o teu dó

mas o que soçobra é o acordar do mi
num acorde laranja vivo e denso
ouro fiel e manso pautado pelos dedos mais velhos do mundo


e nas tuas mãos
o sangue

o meu sangue ainda quente




afligem-me ainda e apenas essas andorinhas esventradas por um outono sonolento

essas notas alheias sopradas ao vento

e umas quantas rimas inusitadas

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