terça-feira, 17 de novembro de 2009

petição ao piano sem cauda

a determinada altura, dir-se-ia que chorava
a guitarra, pois

mas depois, e de repente

a epifania


são cordas, senhor, são cordas



serão sempre cordas, meu amor

as minhas
as tuas
e o contorno das deles

das cordas se farão correntes
amarras e sobreviventes


tenho a alma congelada

acordei-me a uma voz dormente

encurralei-me no contratempo
e na reverberação artificial do cantar no sítio errado



é o chão que a voz tem que segurar, menina, nunca o seu destino



e agora só mais umas redundâncias vaporosas a anteceder a imagem sonora
a verdadeira imagem sonora, a origem da tragédia proscrita


um corredor

um enorme corredor escuro para alojar o teu desconsolo



e algumas janelas para escorraçar o tédio

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