domingo, 13 de junho de 2010

ouço lá ao longe uma espingarda


bem diferente é ouvir uma automática

essa é por trauma e por norma bem mais surda que o rasgar de uma naifada


mas é lá ao longe




bem longe






que eu agora ouço essa espingarda




há ainda
e pelo menos
um ponto final
uma espécie de parágrafo


um outro conto proposto

qualquer coisa saturada

desnaturada


é que o novo é já velho e gasto e chato

querê-lo, parece-me, é só mais um perder do tempo
uma espécie de vomitar em seco
ou então um paravento para as velas deste barco


dá-me o golpe, o tiro, a machadada
sabes que isto não vai lá nem com drogas nem com garrote

nem com vírus
nem com cancro
nem com este poema saltimbanco

rebuscado, rebuscado
até que noves fora nada


é de cor que nos lembramos



lengalenga retorcida




todo o caos pode caber



mas só se for para rasgar

só se
desta vez
for mesmo para seguir até ao fim do berro

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