quinta-feira, 5 de agosto de 2010

onde me escondeste os versos, fado velho?
onde pousaste as minhas rimas?


essas cores com que te insinuas
quase me fazem crer que a luz sufoca


não não não


há que ser mais virtuoso

(e mais uma vez tento impedir a rima de me trazer o esposo,
e como nunca o consigo disso vou fazendo gozo)



mas diz-me lá afinal onde me estancaste a fala?
e onde me esfolaste estes dedos que já não conseguem iludir as cordas?


apagou-se a luz


talvez se tenha apagado a luz



a luz está apagada






ainda respiro


sim ainda




a luz apagada
é cá dentro ou lá fora?


não vejo nada

será costume sonhar com o nada?



mas este breu afinal

é cá dentro?


principalmente te pergunto

é cá de dentro?

ou de lá de fora?





respiro
contudo


ainda


sem resposta


ainda





respiro ainda
mas pela minha carne


e não pelos teus olhos

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